Portugal

Entenda o que está em jogo nas eleições deste domingo em Portugal

Publicado dia 09/10/2025 às 09h36min
Entenda o que está em jogo nas eleições deste domingo em Portugal

No próximo domingo, 12 de outubro de 2025, os portugueses vão eleger novos órgãos para as autarquias locais — câmaras municipais, assembleias municipais, juntas e assembleias de freguesia.

Estarão em disputa 308 câmaras municipais e mais de 3 200 freguesias (o número de freguesias aumentou por causa de desagregações aprovadas recentemente).

Estas eleições locais são muitas vezes vistas como uma “radiografia” da força política dos partidos a nível nacional, mas têm impacto direto no dia a dia das pessoas: transporte, urbanismo, serviços sociais, gestão local de recursos, proximidade com os cidadãos.

O que está em jogo
Renovação de autarcas com limitação de mandatos
Em 2025, cerca de 89 presidentes de câmara estão de saída porque atingiram o limite legal de mandatos e não podem recandidatar-se.
Isso significa muitas câmaras ficarão sem incumbente — uma oportunidade para mudanças de força política ou consolidação de novas lideranças.

Ascensão ou teste de partidos emergentes no poder local
Um dos grandes pontos de atenção é saber até que ponto a ascensão nacional do Chega poderá ter tradução no poder local.
Em cidades como Lisboa e Porto, as disputas são intensas: em Lisboa, por exemplo, o atual presidente da câmara (Carlos Moedas) luta pela reeleição.

Coligações e estratégias locais
Muitos municípios verão coligações entre partidos ou com movimentos independentes, adaptadas às realidades locais (diferenças entre áreas urbanas e rurais).

Reorganização de freguesias
Foram aprovadas desagregações que elevam o número de freguesias.

Em algumas freguesias com poucos eleitores (até 150), as decisões passarão a ser tomadas em plenários de cidadãos.

Mudanças na proximidade e nos serviços locais
O poder local toma muitas decisões que influenciam diretamente a vida quotidiana: manutenção do espaço público, transportes municipais, apoio social local, gestão de resíduos, licenças urbanísticas, cultura, desporto, infraestruturas básicas. Uma alteração de maioria pode traduzir-se em prioridades diferentes nessas áreas.

Desafios e incertezas
Abstenção e mobilização eleitoral
Em eleições locais, muitas vezes a taxa de abstenção é mais elevada. O comparecimento dos eleitores será crucial para legitimar os resultados.

Capacidade de governo local
Novos autarcas terão de mostrar competência administrativa, capacidade de gestão e articulação com o governo central para garantir investimentos e projetos.

Conflitos entre instâncias nacional e local
Se houver uma diferença de cores partidárias entre o governo nacional e várias câmaras municipais, pode haver atrito sobre responsabilidades ou financiamento.

Expectativas versus realidade
As promessas de campanha são muitas vezes ambiciosas; depois de eleitos, os autarcas enfrentarão constrangimentos financeiros, legais e burocráticos que limitam o que podem realizar.

O que pode mudar de fato
Em cidades onde há maioria apertada ou alternância possível, poderemos assistir a mudanças simbólicas, com novas faces ou novas coligações no comando municipal.

Em freguesias com poucos eleitores, o uso de plenários de cidadãos pode aproximar ainda mais a administração local dos cidadãos.

A diversificação partidária nos municípios pode fazer emergir vozes locais diferentes, menos dependentes dos partidos grandes nacionais.

A “força de tração nacional” de partidos emergentes (como o Chega) será posta à prova: se conseguirem ultrapassar cortes nacionais e chegar ao poder local, isso pode reforçar o seu prestígio e estratégia política.

Fonte: Redação